segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Entre janelas e trocos.


Ouvindo “Thirty-Three” do 'Smashing Pumpkins', me encanto a cada parágrafo mais pela literatura de Neil Gaiman. Além de Coraline, eu nunca li nada dele. Li um pouco de Sandman, mas vi que não era a hora de fazê-lo. Talvez daqui a uns anos, quando a minha cabeça estiver diferente. Senti uma energia muito forte naqueles quadrinhos, que não deveria ser desperdiçada, com um garoto de 16 anos, que achou legal, mas não entendeu completamente. Que não conseguiu interpretar do seu jeito, e entender o que Gaiman dizia.
Então, com o ônibus chacoalhando muito, estava lendo. Quando chega uma senhora. Peço para que se sente. Ela nega, por educação. Odeio quando elas negam, só por educação. Qual o sentido nisso? Eu ofereci o lugar, pra quê negá-lo? Mas dessa vez, eu não voltei ao livro. Não sei porque, eu insisti mais. Eu insisti. Elas devem ter uma fetiche por pessoas que insistem para elas se sentarem. Então, eu guardo o livro, e ela senta.
De pé, ainda ouvindo Smashing Pumpkins, reparo que as músicas calmas deles não devem ser ouvidas naquele ambiente. Tem muita força, para um lugar tão... Olho pra fora, e tudo que vejo é um asfalto cinza, com lojas cinzas, e pessoas cinzas.
Mas esse motorista... Esse motorista sabe como ser filho da puta. A cada curva, ele vira de um jeito, com uma velocidade, que eu não acredito que eles esteja realmente fazendo aquilo.
O pior, é quando tem um longa rua, vazia. Ele corre com tudo. Eu queria que tivesse um velocímetro, alguma coisa em que os passageiros pudessem ter noção da velocidade. Eu não tenho. Mas é o suficiente para os passageiros terem que se segurarem com muita força. Não somente um magrelo como eu, um adulto também.
Ele deve se sentindo o máximo. Mudo para Jack Johnson, que consegue me manter calmo. Não que fosse uma situação que eu ficaria nervoso, é que eu simplesmente quero ouvir alguma coisa calma. Enquanto ouço a voz calma dele, imagino onde essa música deveria ser ouvida. Então, olho pra fora do ônibus. O que eu vejo, não mudou. O mundo cinza ainda está lá.

Eu só achei importante escrever. Eu sei que vou me arrepender muito daqui um tempo.